terça-feira, 20 de novembro de 2012

nunca me senti tão perdida. acho que esses 21 anos estão servindo para mostrar que não tenho mais tanta força.
não gosto do que vejo. queria ser menos isso e mais aquilo, por fora e por dentro. queria não estar parada no tempo, mas me movendo para frente. sempre em frente.
queria que nosso relacionamento não estivesse caindo aos pedaços, queria que não fôssemos dois estranhos usando anéis de coco comprados na mesma barraquinha. queria que houvesse respeito, paz, compreensão, saudade, sonhos, vontade vontade vontade de estar sempre junto. muitas coisas doem. às vezes tudo que preciso é paciência, ou uma voz sincera dizendo que me ama. porque de nada importa falar milhares de coisas bonitas se a realidade comprova o oposto.
quando amamos temos que estar prontos. precisamos saber o que queremos. entender que o amor é desesperador, sim, porque é a coisa mais bonita que existe, mas é também o que nos deixa mais vulneráveis. a carne se torna viva, e os olhos furacões.
você parece apático para mim. muitas vezes eu me sinto como um grande empecilho, vou acabar sempre atrapalhando as coisas da sua vida. afinal, sou uma coisa à parte - como uma boneca que você faz um afago, mas que não pode falar ou querer andar demais porque isso é te arrastar para fora do mundo.
oi, como você tá? (bem) dorme bem, tá? te amo muito. oi, amor, saudade. depois a gente se fala. beijo, te amo muito.     
você nunca me deu uma flor ou fez uma surpresa. será que dá muito trabalho? ou será que você está cansado de repetir sempre as mesmas frases...?

tenho medo de te falar essas coisas. você vai gritar que estou exagerando ou que sou maluca.  

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

eu queria poder te dizer tudo. abrir um livro muito grande e te narrar a história como ela é, sílaba por sílaba. deixar a porta da varanda encostada e as janelas escancaradas, mesmo que dentro só haja um corpo nu com arranhões e marcas.
eu poderia? aliás, eu conseguiria?
aqui dentro de casa é empoeirado, a bagunça está até mesmo nos filmes lentos e amorosos que passam na televisão. não há como mudar de canal e nem como limpar essa sujeira que impregna todos os cantos dos cômodos.
meu olhar deve parecer o atacama, eu sei disso. um deserto árido e sem fim, solto no mundo, passando pelos asfaltos e gramados do chão. a contradição aparece em como consigo transbordar tanto com esses olhos secos, a dor desesperada vindo a cada gotinha de água e sal que me escapa.

eu queria te contar sobre os meus medos, decepções, dores, anseios, transtornos.
eu tenho medo de que tudo que eu imaginei ou que eu tento fazer todo dia não seja possível. que só exista nos pensamentos ou no meu sofrimento. tenho medo de que o mundo seja isso: um punhado de traições e de pessoas em que não posso confiar, porque a qualquer momento podem me empurrar para um buraco sem fundo. porque eu já fui empurrada e até hoje não consegui voltar. fiquei estirada como se estiram os que pedem por misericórdia aos pés de uma estátua divina.
a realidade às vezes vai embora das minhas mãos. eu entro em desespero. e, nesses momentos, tudo que eu realmente queria é que alguém me desse a mão e cantasse uma canção lenta pr'eu me acalmar. preciso de uma mão para me agarrar, não vozes gritando comigo, sermões, falta de compreensão, sacudidas fortes e infundadas. por isso a solidão...
preciso de um olhar profundo, de um abraço longo, de um beijo apertado. algo que me arranque dessa loucura que tenta dançar comigo todos os dias, incansavelmente. um tango argentino com rosas e sangue.

sei que isso não é nada. mas é um começo. pena eu não conseguir vomitar as palavras, as minhas palavras, como saio vomitando qualquer uma.